Road Movies



Uma História Real
Título original: The Straight Story
Lançamento: 1999, EUA.
Direção: David Lynch
Elenco: Sissy Spacek, Richard Farnsworth, Harry Dean Stanton.
Duração: 112 min
Gênero: Drama

The Straight Story é baseado na história verídica de Alvin Straight, um velhinho de 73 anos que viaja seis semanas em um cortador de gramas para encontrar o irmão doente e fazer as pazes após dez anos de separação.
Alvin recebe a notícia que seu irmão acaba de sofrer um ataque do coração. Impedido de dirigir por estar com a saúde debilitada resolve viajar em seu próprio contador de gramas. Acredito que a debilidade dos dois irmãos é que tenha pesado nessa quase insana decisão. Um desejo de última despedida. Coisas da vida.
Os personagens transitórios são tão interessantes quanto o protagonista: trazem temas como a guerra; fuga; vida simples e feliz; companheirismo; alcoolismo. O filme é verdadeiramente rico em tipos humanos.
O diretor é David Lynch, que já fez filmes bizarros ou super cultuados como Duna e Twin Peaks. Quem matou Laura Palmer??? Lembra disso? Se tiver mais de 25 deve lembrar. Em busca de realismo, Lynch rodou o filme na mesma estrada que o protagonista original rodou. Um trecho que liga Laurens, no estado de Iowa, até Mount Zion, em Winsconsin.  
A fotografia desse filme é belíssima e não poderia ser diferente: milharais, fazendas, vastas planícies e imensas colheitadeiras. Tudo muito bem amarrado com a trilha sonora com aqueles temas de violino e violoncelo. Eu gosto.
O cinema, vez ou outra, traz o tema da peregrinação: um personagem percorrendo longo trecho em busca de algo ou alguém. Nessa busca ele influência e é influenciado por personagens que o ajudam a chegar ao fim da jornada. Tema muito presente também na bíblia e no alcorão.
Dizem que o que buscamos em uma peregrinação está dentro de nós mesmos. Geralmente essa é a mensagem final dos filmes, dos contos, dos livros de ensinamentos.
Destaque para o papel de Sissy Spacek, (minha eterna Carrie, a estranha) que interpreta Rose, filha de Alvin. Qualquer coisa que eu disser sobre ela será spoiler. Melhor conferir.

"Rose, tenho que voltar para a estrada. Tenho que ir ver Lyle!"  E assim começa sua jornada.

 Notas:
  1. Richard Farnsworth, que deu vida a Alvin, acabou se matando em sua fazenda no ano 2000. Pouco tempo após a estréia do filme. Uma pena.
  2. A NET costuma, selvagemmente, cortar um bom pedaço do filme. Previna-se.


E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?
Titulo original: O Brother, Where Art Thou?
Lançamento: 2000 (EUA)
Direção: Joel Coen
Atores: George Clooney , John Turturro , Tim Nelson , Charles Durning , John Goodman
Duração: 107 min


Segundo a crítica especializada, os Irmãos Coen se basearam na obra "A Odisséia" de Homero para fazer esse filme. Na verdade existem poucos elementos no filme para que possamos analisar e comparar, além da própria odisséia do protagonista: você vai encontrar sereias, ciclopes e os nomes de alguns personagens. Mas valeu a referencia a Homero. O que pode gerar uma curiosidade em conhecer o poema. (digo isso sabendo que alguns literatos afirmam que há todos os elementos de "A Odisséia" ali).
Já vi esse filme várias vezes e sempre me divirto. Trata-se da história de três fugitivos de uma prisão do Mississipi nos tempos da Grande Depressão (crise econômica dos EUA na década de 30). São eles: Ulysses Everett (George Clooney), Pete (John Turturro) e Delmar (Tim Blake Nelson). Só de olhar para a cara do John Turturro já dá vontade de rir, sempre irritado, tentando entender as enrascadas em que se mete por conta do amigo Ulysses. Os fugitivos vão em busca de um tesouro e é claro que com a Lei no seu encalço as coisas ficam difíceis. Entre banhar-se com belíssimas sereias e salvar um amigo negro da KuKluxKlan (seita de malucos que queimava negros em fogueiras) eles encontram tempo até para comprar Gel de cabelo, uma obsessão de Ulysses (rsrsrs).
O que mais gosto no filme é a trilha. Ele traça um belíssimo panorama da música negra, quase uma alegoria: spirituals, blues, gospel, folclórica.
Sem deixar o humor de lado em nenhum instante, a divertida música da banda THE SOGGY BOTTOM BOYS  deve grudar na sua cabeça por alguns dias.
O filme faz uma referencia a um dos mestres do Blues em um mitológico caso de seu encontro com o diabo em uma encruzilhada. Tommy Johnson afirmava que havia feito um pacto com o 'cramunhão' para ser o maior guitarrista. E o Raul Seixas que dizia que o diabo é o pai do Rock deveria saber que na verdade ele é bisavô do Rock. Uma coisa é certa: Robert Johnson e Tommy Johnson foram os músicos que mais influenciaram Jimi Hendrix na sua adolescência.  Robert, que morreu envenenado aos 27 anos por conta de um desentendimento em um bar, também afirmava que havia vendido a alma ao 'tinhoso'.
Destaque também para a fotografia e montagem. Quem gosta de paisagens rurais vai adorar esse filme.
Divirta-se.

Jimmy Bolha
Título original: Bubble Boy
Lançamento: 2001, EUA.
Direção: Blair Hayes
Elenco: Jake Gyllenhaal, Swoosie Kurtz, Marley Shelton, Danny Trejo
Duração: 84 min
Gênero: Comédia/Road Movie

Eu adoro comédia do tipo besteirol. Esse é um clássico aos moldes ''sessão da tarde''. Jimmy é um garoto que nasceu sem imunidades e por isso tem que viver em um ambiente de total assepsia. Vivendo dentro do seu quarto ele foi educado pela mãe, controladora e paranóica. Seu pai tem a personalidade de um pé de alface. Ele vive bem e até se diverte tocando guitarra e assistido episódios de "O elo Perdido" (Land of the Lost aquele dos dinossauros de stop motion que passava no SBT. Bisavôs do Jurassic Park) até que conhece o amor – sua vizinha Chloe interpretada por Marley Shelton. Para livrar sua amada de se casar com o vilão da história, Jimmy constrói uma bolha em volta de si e parte para a estrada. Essa é a melhor parte do filme. Figuras de todos os tipos aparecem para ajudar ou atrapalhar a saga desse intrépido herói: um indiano que atropela uma vaca; gangues de motoqueiros; artistas de um freak show controlado por um anão; membros de uma seita onde todos têm o mesmo nome. E também luta na lama; corridas de carros; avião. Um festival de loucuras. Adoro isso. Além de ter uma boa trilha sonora, também traz atores interessantes fazendo pequenos personagens como Danny Trejo (sempre interpreta bandidos no cinema. Tem uma tatuagem de uma mulher com sombrero no peito, lembrou? rsrs) e Zach Galifianakis que ganhou o mundo após fazer "Se Beber, Não Case!" (ele é o sujeito mal-humorado que vende bilhetes)
É interessante notar como o cinema é mágico: transformar Jimmy Bolha em Príncipe da Pércia foi o maior feito do cinema nos últimos anos.
Veja na foto ao lado.