Filmes e Moda


A doce Vida

Titulo original: La Dolce Vita
Lançamento: 1960 (Itália)
Direção: Federico Fellini
Elenco: Marcello Mastroianni , Anita Ekberg , Anouk Aimée , Yvonne Furneaux, Magali Noël
Duração: 167 min
Gênero: Drama


Nessa seção, vou escrever sobre os filmes vencedores da categoria do Oscar de Melhor Figurino.
Pra começar, escolhi A Doce Vida, filme de 1960, dirigido por Federico Fellini. Conta a história de um jornalista, Marcello Rubini, especializado em fatos envolvendo celebridades e notícias sensacionalistas em geral. Ele é um repórter, que se relaciona com várias mulheres, inclusive Sylvia, uma atriz de Hollywood, que está visitando a Itália, e por quem ele fica deslumbrado. Ao longo do filme, são abordados temas como crença religiosa, falta de comunicação, assassinato, até que um 'imprevisto' acontece, Rubini fica muito abalado e parte para uma vida de excessos. Um fato curioso, é que esse filme deu origem ao termo paparazzo, em alusão a um dos personagens do filme, que tinha esse sobrenome e que vivia perseguindo as pessoas para fotografá-las. É um filme clássico, bem longo, com 174 minutos, mas com um belíssimo figurino, de Piero Gherardi, que é a parte mais interessante do filme e que merece detalhamento. Todas as atrizes são muito elegantes. Usam, pelo menos, um acessório de impacto em cada look. Normalmente, óculos escuros estilo gatinho, bem populares na década de 50.
Mas, não deixam de lado as luvas, chapéus, lenços, estolas de pele e jóias. A peça feminina que mais aparece são os vestidos, normalmente justos, estilo tubinho, na altura dos joelhos e bem decotados, nas costas. Destaque para um vestido lindo de mangas longas, transparentes que aparece no início do filme; para um longo tomara-que-caia de saia ampla com muitas camadas, usado por Sylvia na cena mais famosa desse filme, em que ela passeia pela Fontana di Trevi. E, para o meu preferido, um longo de paetês, de manga longa, com fenda lateral, usado por ‘uma das mulheres’ de Rubini, na festa de gala que acontece em uma mansão. Também me chamou atenção, a cena em que uma ex-modelo aparece de calça comprida e cardigã, conversando com Rubini. Destacando-se das outras personagens, que apareceram, em praticamente todas as cenas, usando vestidos. Os atores também estão muito chiques, principalmete, o protagonista,
Marcello Mastroianni, jovem, belo e elegante. Eles usam costumes (calça e blazer), com blazer mais ajustado. Camisa de gola pólo com blazer... Até os fotógrafos são bem vestidos e aparecem trajando diferentes estilos, desde a esportiva jaqueta estilo bomber aos clássicos trench-coats, sem deixar de lado os óculos escuros

Shakespeare Apaixonado
Titulo original: Shakespeare in Love
Lançamento: 1998 (EUA)
Direção: John Madden
Elenco: Joseph Fiennes, Gwyneth Paltrow, Geoffrey Rush , Judi Dench
Duração: 124 min
Gênero: Drama

Londres, 1593. O jovem William Shakespeare está passando por uma crise criativa, um período de pouca inspiração. Mas essa crise o atormenta até que, em uma festa, ele conhece Viola, uma jovem rica e muito bela por quem ele se apaixona. Paixão essa que trará de volta toda a inspiração que ele tinha perdido. Mal sabe ele que
Viola freqüenta seu teatro, disfarçada de homem, única maneira que ela encontrou para realizar seu sonho de atuar; e é uma das personagens da peça que ele está escrevendo e dirigindo, Romeu e Julieta. Inicia-se aí um belo romance entre os dois, que terá que ser mantido em segredo porque Viola está de casamento marcado com Wessex. Ela não gosta dele, mas mesmo contrariada e deixando William magoadíssimo, terá que se casar para respeitar a vontade de seus pais. Os atores são maravilhosos.
Como é bom imaginar um Shakespeare tão carismático, apaixonado e intenso, exatamente da maneira com Joseph Fiennes o interpretou. Gwyneth Paltrow também parece saída diretamente do século XVI para dar vida à personagem Viola. Esses dois atores são tão belos, têm um entrosamento tão bom, transmitindo tanta verdade que, sem dúvida alguma, contribuem significativamente para o grande sucesso  que foi esse filme. Além deles, podemos apreciar o talento de Geoffrey Rush, ótimo ator, muito conhecido por seu papel em Shine, Judi Dench e Ben Affleck, que também engrandecem o filme. O figurino, de Sandy Powell, também é maravilhoso e caracteriza bem o século XVI. Os homens vestem calções bufantes, camisa com rufo sob casacos bordados, de mangas longas e acinturados, meia calça e botas de cano longo, até osjoelhos. Os acessórios que aparecem são as capas curtas, até os quadris, que pendemsobre um dos ombros e são amarradas por um cordão que passa sob o braço; e chapéusde aba curta ou em um modelo parecido com uma boina, enfeitado por uma pena colorida.Os tecidos dessas peças são o veludo ou o jacquard. As combinações de cores escolhidas pela figurinista também são lindas: cinza e marrom, verde-oliva e azul petróleo, marrom e dourado, vinho e roxo...  As mulheres trajam vestidos longos (estruturados por espartilho), de mangas longas, com saias amplas, sobrepostas, revelando a de baixo e anquinha (aumentando o volume dos quadris). As pérolas aparecem tanto nas jóias, quanto em bordados das roupas e como adorno para os cabelos. Esses trajes femininos aparecem em dourado, bege, verde e nos variados tons de azul e nos tecidos veludo, cetim e jacquard. Os sapatos têm um pequeno salto e são de cetim. Nos cabelos, detalhes de tranças, diademas ou penteados muito volumosos. A população mais humilde veste peças simples de algodão em tons bege e acinzentados. Enfim, esse filme é um deleite para os fãs de cinema, sobretudo para aqueles que apreciam filmes de época. Não é a toa que ganhou sete estatuetas no Oscar 1999: melhor filme, melhor atriz (Gwyneth Paltrow), melhor atriz coadjuvante (Judi Dench), melhor direção de arte, melhor figurino, melhor trilha sonora e melhor roteiro original.
Apaixonante!






Golpe de Mestre
Titulo original: The Sting
Lançamento: 1973 EUA
Direção: George Roy Hill
Elenco: Paul Newman, Robert Redford, Robert Shaw, Charles Durning, Ray Walston
Duração: 129 min
Gênero: Comédia







Ambientado em Chicago na segunda metade da década de 30, Golpe de Mestre, indicado ao Oscar em dez categorias em 1973 e vencedor em sete delas, é um filme protagonizado por dois grandes atores: Paul Newman e Robert Redford.O primeiro é Henry Gondorff e o outro, Johnny Hooker, dois golpistas pretensiosos.
Logo nos primeiros minutos da trama, Hooker e um amigo se metem em confusão roubando o capanga de Doyle Lonnegan, um grande mafioso. Doyle mata o amigo de Hooker, que, indignado, vai ao encontro de Henry, para juntos, se vingarem do mafioso. Com o elenco predominantemente masculino, o filme percorre o submundo do crime de Chicago, onde homens espertos como Hooker e Henry tentam o tempo todo dar o golpe nos outros bandidos. The Entertainer, uma das músicas que fazem parte da trilha sonora (composta por ragtimes, estilo criado por músicos negros do sul dos Estados Unidos), gruda na cabeça e você vai reconhecê-la assim que ela começar a tocar. O figurino elaborado por Edith Head também merece destaque e, com justiça, foi uma das categorias em que o filme foi premiado. Há inclusive diálogos, ao longo da trama, que tratam da elegância ao se vestir como “Em geral, exigimos gravata nesta mesa ou ainda“Temos uma arara com ternos. Escolha um bonito, de tweed”. Hooker usa até mix de estampas, inclusive no look que estampa o cartaz do filme. Mistura blazer e calça listrada, gravata estampada, suspensórios listrados e boina de tweed. Terno completo cinza usado com chapéu também compõe seu visual, além dos clássicos trench coat em tom camelo e smoking. Henry não fica atrás, veste jardineira jeans com chapéu quando está em casa e terno xadrez, com camisa listrada, gravata com losangos quando vai sair. Em ocasiões especiais, smoking. As mulheres aparecem em pouquíssimas cenas, mesmo assim, suas roupas são incríveis. Conjunto de saia e blusa estampadas, sob trench coat azul, vestido longo florido com detalhes bordados nos ombros, saia de cintura alta com camisa rosa e bolero risca de giz, e por último, vestido longo de poá, mangas curtas e acessório de flor nos cabelos. A elegância dos personagens masculinos nesse filme, vai além de seus belos trajes. Eles têm um jeito todo especial de caminhar, olhar e gesticular, talvez por estarem tão acostumados a enganar seus adversários nas mesas de jogo. Golpe de Mestre não é o melhor filme de todos os tempos, mas vale a pena por ser divertido e também pela atuação desses dois ótimos atores.




O Paciente Inglês
Titulo original: (The English Patient)
Lançamento: 1996 (Inglaterra)
Direção: Anthony Minghella
Elenco: Ralph Fiennes, Kristin Scott Thomas, Juliette Binoche, Willem Dafoe, Naveen Andrews
Duração: 162 min
Gênero: Drama

Anthony Minghella foi um cineasta inglês, conhecido por dirigir filmes como O Talentoso Ripley e Cold Mountain, ambos com várias indicações ao Oscar em 2000 e 2004, respectivamente. Mas, anos antes, em 1997, ele já tinha vivenciado o auge de sua carreira ao ganhar o Oscar de melhor diretor por O Paciente Inglês. Como se não bastasse, seu filme foi vencedor em mais oito categorias: melhor filme, figurino, atriz coadjuvante, montagem, fotografia, som e direção de arte. Vale lembrar que, nesse mesmo ano, concorriam Shine e Fargo, dois filmes excelentes. Dito isso, vamos à sinopse: durante a Segunda Guerra Mundial, a enfermeira Hana, é incumbida de cuidar de um paciente que teve graves queimaduras pelo corpo após sofrer um acidente de avião. O paciente é o cartógrafo húngaro Conde Almásy.  Ele decide contar para Hana sobre seu passado, sobre 1930 e 1944. Membro da Sociedade Geográfica Real, ele é enviado ao deserto do Saara onde se encontra com um grupo de outros exploradores. Lá conhece Katherine, a esposa de um deles e se apaixona. À medida que a história se desenrola, somos seduzidos pelas belas cenas no deserto, pelas cenas de amor entre Almásy e Katherine e pelas tomadas aéreas. Ralph Fiennes está muito bem como o Conde Almásy, talvez por seu ar misterioso que empresta à maioria dos personagens que interpreta no cinema. Juliette Binoche convence totalmente como a enfermeira Hana devido à sua delicadeza e dedicação com que trata seu paciente. Willem Dafoe é um dos coadjuvantes e não passa despercebido. Tem uma presença muito marcante. A figurinista, Ann Roth, também acertou em cheio, optando por roupas em uma cartela de cores mais suave. No deserto, o figurino quase se funde à paisagem, sendo composto por peças em bege, cáqui, cru, marrom e branco.
Os homens trajam bermudas, camisas, colete de lã, calças e jaquetas. Katherine, quando está no deserto, veste-se quase como os homens, adotando jaquetas de camurça, bota, echarpe, e uma calça larga afunilada na barra por uma fivela. Já na cidade, seu visual é totalmente diferente, bem feminino. Destacam-se os vestidos em verde claro e outro off-white, acinturados, na altura dos joelhos, de mangas ¾ , com detalhes como um cinto do mesmo tecido ou um transpasse. Além de um vestido longo, bordado, com fenda lateral, que ela usou em uma festa. O Paciente Inglês possui uma bela história, complexa, surpreendente, mas ao mesmo tempo romântica e clássica, que agrada ao público e  garante muitos pontos a seu favor.


Romeu + Julieta
Título original: Romeo + Juliet
Lançamento: 1996 (EUA)
Direção: Baz Luhrmann
Elenco: Leonardo DiCaprio, Claire Danes, Zak Orth, Jamie Kennedy
Duração: 120 minutos
Gênero: Drama

Baz Luhrmann é um daqueles diretores cujos filmes as pessoas amam ou odeiam, não tem meio termo. Talvez pela estética carregada ou pela interpretação meio teatral dos atores. Entre eles estão Vem Dançar Comigo e Moulin Rouge, além do ótimo Romeu + Julieta.
A história deste já é conhecida, mas nessa adaptação de 1996, Baz Luhrmann trouxe novos elementos, transportando-a para a contemporaneidade e agitação da fictícia Verona Beach. O filme já começa com um embate entre as duas gangues rivais.
Uma formada pelo primo de Julieta, Capuleto, e os amigos dele e outra pelos ‘defensores’ de Romeu Montecchio. Apesar de truculentos são muito estilosos. Tebaldo Capuleto e seus amigos têm um visual mais sóbrio, composto principalmente de coletes sem camisa, além de blazers e calças sociais mais ajustadas, empunhando armas com as iniciais de seus nomes. Sem falar dos cabelos que são curtos e muito bem penteados. Romeu e sua turma se vestem de maneira bem mais descontraída, com camisetas florais largas, cabelos pintados de pink e o divertido Mercucio com seus dreads. No baile à fantasia na mansão dos Capuleto, onde Romeu e Julieta se conhecem, a decoração é bem chamativa, com coqueiros iluminados com pisca-pisca pelo jardim; tudo muito brilhante e colorido. Essas características kitsch estão presentes durante todo o filme. Há também muitas imagens de santos, crucifixos, tanto na casa de Julieta, quanto nas tatuagens de Frei Lourenço (amigo de Romeu e da família de Julieta) e do amigo de Tebaldo. Os diálogos são fiéis ao texto original de Shakespeare e juntamente à trilha que inclui Des’ree, Radiohead, Garbage, The Cardigans e Gavin Friday tornam o filme ainda mais especial. A escolha dos atores protagonistas, Leonardo di Caprio e Claire Danes, foi perfeita. Eles estão lindíssimos e convencem como o casal mais apaixonado da literatura universal. A cena em que eles se vêem pala primeira vez é, sem dúvida, uma das mais lindas entre todas que já assisti. Quem já assistiu à versão de Franco Zefirelli e é fã pode se assustar um pouco ao ver tanta modernidade nessa versão de Luhrmann ou, como aconteceu comigo, se emocionar muito e admirar esse belo filme. 
 
O Aviador
Título original: The Aviator
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin
Duração: 168 min
Gênero: Drama

Howard Hughes foi um empresário americano de vanguarda que filmou, na década de 20, um épico, Anjos do Inferno, com 137 pilotos, 87 aviões, 35 cameraman e 2 mil figurantes, cujas gravações demoraram dois anos e custaram 2 milhões de dólares.
Insatisfeito, achou que filmes mudos já não causavam impacto e decidiu filmá-lo com som, gastando mais 2 milhões de dólares. Ele tinha problema de audição e transtorno obsessivo-compulsivo. O que fica bem nítido em cenas como a do restaurante, em que o personagem de Jude Law, pega uma ervilha do prato de Hughes e também quando ele está no banheiro e um cara pede para que ele lhe passe a toalha.
Apesar desses problemas, ele deu a volta ao mundo em quatro dias, em seu monoplano, partindo de NY e passando por Londres, Moscou, Sibéria e Alasca. Projetou o XF-11, avião de espionagem e chegou a ser dono de uma das maiores empresas aéreas, a TWA.
O Aviador levou o Oscar de melhor atriz coadjuvante, melhor direção de arte, cenografia, edição e figurino. Nessa categoria, destaque para os vestidos das elegantes atrizes que interpretam Jean Harlow, Kate Hepburn e Ava Gardner.
A primeira aparece em pouquíssimas cenas e seu vestido, longo, perolado, rouba toda a atenção por estar adornado por uma estola com flores grandes aplicadas. Hepburn tem um relacionamento mais longo com Howard, logo, seu figurino possui uma variedade maior de peças, com predomínio de peças mais masculinas, de alfaiataria. Usa muita camisa, calça pantalona, blazer, trench-coat e alguns vestidos de festa, longos, de Jersey e com ombreiras. Ava Gardner usa um vestido lindíssimo, verde esmeralda, também de Jersey, de um ombro só com broche, sob estola de pele.
Em outro momento aparece com um look composto de saia longa e camisa de manga bufante com bordados no decote. Howard usa fraques, costumes com paletó estilo jaquetão e, no dia-a-dia, jaqueta de couro, calça social de cintura alta com pregas, coletes de lã, gravatas variadas, chapéu e óculos escuros de lentes redondas. Leonardo di Caprio é um desses atores que começou sua carreira muito bem ao interpretar Arnie, em Gilbert Grape. Fez filmes chatos como Titanic, virou o queridinho de Martin Scorsese e tornou-se um grande ator, a partir de filmes, como Prenda me se for Capaz e Diamante de Sangue, com uma temática mais adulta e uma atuação mais madura. O Aviador é um ótimo filme, baseado em fatos reais, muito bem executado; e que no faz admirar seu Howard Hughes tanto quanto seu Arnie de outrora.